Com Setenta livros publicados, o folclorista e escritor Mário Souto Maior deixa oito obras prontas para serem editadas. Seu enterro foi ontem à tarde em Olinda
Foi enterrado, ontem à tarde, o folclorista, advogado, etnólogo e escritor Mário Souto Marior. Considerado um dos estudiosos mais respeitados na área de cultura popular, Souto Maior faleceu devido a uma parada respiratória causada por efizema pulmonar. A cerimônia, realizada no Cemitério Parque de Olinda, em Águas Compridas, Olinda, reuniu dezenas de pessoas, entre parentes, amigos e colegas de trabalho da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), onde trabalhava há 36 anos.
O velório, que ocorreu na própria Fundaj, contou ontem com a presença do prefeito do Recife, João Paulo, e da ex-prefeita de Olinda, Jacilda Urquisa. "Mesmo estando doente, ficamos surpresos com a morte dele. Sua obra revela uma parte importante da cultura popular do nosso País", diz Silvana Meireles, superintendente do Instituto de Cultura da Fundaj. Com 70 livros publicados, Mário Souto deixou pelo menos outra oito obras prontas para serem editadas. Uma delas, Oitenta Anos, aguarda apenas a autorização da família para ser lançada. O livro, organizado por Jan Souto Maior, um dos filhos, é uma coletânea de artigos, entrevistas e reportagens a respeito de Souto Maior.
"Todas as obras de papai são baseadas no povo e em seus costumes e tradições, informações que quase sempre se encontram dispersas e perdidas", afirma Jan Souto Maior. Para a antropóloga Fátima Quintas, amiga pessoal de Mário Souto há vários anos, o grande mérito do escritor foi ter expressado a essência do ser humano por meio de suas obras. "Ele sabia sentir o ser humano como deveria ser sentido, sem hermetismos. Ele foi excepcional", reconhece. Segundo lembra Fátima, Mário Souto vinha buscando, desde o começo deste ano, publicar todos os seus livros. "Parecia que ele estava correndo contra o tempo", conta.
"Foi uma perda irreparável, não só para mim, que era amigo dele, como para todo País. Mário Souto deixou uma obra vasta e lições de ternura e amizade para todos que conviveram com ele", diz Roberto Benjamim, presidente da Comissão Nacional de Folclore, uma associação de pesquisadores de cultura popular. Amanhã, possivelmente, deverá ser feita a primeira homenagem a Souto Maior. Será durante um seminário sobre folclore, na Fundaj. "Vamos dedicar o evento à sua memória, já que ele estava escalado para fazer parte de uma das mesas do seminário", adianta Benjamim.
Jornal do Commercio
27.11.2001