Tratando-se de uma palavra que tem suas raízes na Polinésia, este detalhe de ordem etimológica está muito longe de significar que os habitantes daquela paradisíaca e misteriosa terra perdida na imensidão do Pacífico sejam os donos do tabu, um dos símbolos sagrados de sua cultura exótica e muitas vezes milenar. Significando "alguma coisa que não podemos definir nunca" e "que escapa, em parte, do nosso sentir de civilizados" Josué de Castro é de opinião de que o tabu polinesiano jamais poderá ser entendido pelos ocidentais, partindo da premissa de que "cada cultura é um mundo fechado ao entendimento de outras culturas".
Outros povos também guardam na sua memória, como herança oral de seus remotos ancestrais, o mesmo inexplicável dogma, usando, uma outra denominação própria na língua de cada um. Assim é que os romanos usavam a palavra sacer, os gregos denominavam agos e os hebreus chamavam de kodauch o que os polinesianos configuravam como tabu. Mas, acontece que esse dogma, essa verdade que transcende a inteligência humana, atualmente ainda existe e é usada, com o mesmo sortilégio, em quase todas as línguas, participando de muitas culturas na sua grafia original, sem se deixar corroer pela voragem do tempo.
O tabu, um tanto ou quanto sagrado, sobrenatural, indefinível e inexplicável como verdade, já foi e continua sendo estudado à luz das ciências modernas. O brasileiro Josué de Castro ( A Fisiologia dos Tabus, 1940 ), Wundt ( Psicologia dos Povos - trabalho no qual chega à conclusão de que "o tabu é anterior aos deuses e precede a qualquer religião" ), Gonçalves Fernandes ( O Folclore Mágico do Nordeste, 1938), Frazer ( Taboo and the Perils of the Soul, 1911 ), Freud ( Totem und Tabu, 1922 ) e muitos outros cientistas de renome já procuraram penetrar no mundo misterioso do tabu, do faz-mal, cada qual esposando uma idéia nova, num fulcro científico digno das mais sérias reflexões.
Apesar da complexidade dos estudos sobre o tabu, o assunto ainda não foi de todo esclarecido, elucidado, talvez por envolver culturas e povos diferenciados numa vasta área geográfica que envolve continentes e povos de desiguais níveis culturais, cada qual com seus costumes e tradições que se impactuam.
Outro fator que pesa bastante no estudo do tabu em termos universais talvez seja o que diz respeito à diversidade da motivação de ordem religiosa própria de cada gente. A Religião tem muito a ver com a presença do tabu nas diversas culturas, de mãos dadas com o medo que os povos têm do sobrenatural, do inexplicável, do misterioso, como verdade dogmática.