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Érico Veríssimo




Como o tempo passa! Quanta coisa aconteceu entre a carta que lhe escrevi de 6 de fevereiro de 1943 e este momento!
 

Foi muito bom receber notícias suas... e dois livros. Já li o Como Nasce Um Cabra da Peste, que achei muito saboroso. Sempre gostei da expressão cabra da peste, que conhecia da boca e da pena de amigos nordestinos. Estive folheando Cachaça, que hei de ler quando tiver tempo. Posso, entretanto, dizer-lhe desde já que a idéia de escrever sobre essa importante bebida, tão brasileira evocativa – foi excelente. Em suma, foi bom saber que você emergiu ou, melhor, reemergiu para a vida literária com tanta graça e tanto vigor, Parabéns!
 

Em 1970, passamos, minha mulher e eu, meio ano nos Estados Unidos, onde temos desde 1956 uma filha casada com um físico (não nuclear) americano. Esse ramo ianque da família nos deu três netos homens. O ramo brasileiro (um filho casado com uma carioca) vive conosco e nos deu três frutos viçosos: Fernanda, Mariana e há, poucos meses, Pedro.
 

Em 1961 tive um infarto que quase me matou. Mas depois desse ano fatídico viajei quatro vezes à Europa, uma ao Oriente Médio e cinco vezes aos Estados Unidos. Foi depois de 1943 que produzi a melhor parte de minha obra, O Tempo e o Vento (três tomos alentados), O Senhor Embaixador, O Prisioneiro, um livro sobre uma viagem ao México e outro sobre uma visita a Israel. E agora aqui estou na reta final de um novo romance, Incidente em Antares, que aparecerá talvez lá por julho ou agosto. É esse que você vai receber em lugar daquele que nunca lhe chegou às mãos.
 

Se um dia aparecer por aqui, não deixe de vir a esta casa.
 

Muito obrigado pela carta e pelos livros. Um grande abraço do
 

ÉRICO VERÍSSIMO
VERÍSSIMO, Érico. Carta: Porto Alegre, 8/3/1971

 

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